Vale dos Homens

domingo, 17 de junho de 2012

Esculpido em ônix permaneço
Impermanentemente o mesmo.
Ao desejo de voar substitui-se
O medo de eternamente rastejar
No perecível vale dos homens.

À morte de meu ego declaro
Guerra, mas pereço assim mesmo,
Sem nunca os pés tirar
Dessa vil e miserável terra.

Pois que tenho em mente
Senão desejos profanos?

E nesta manhã de outono
Vejo-me pendendo com as folhas
E levanto e caio
E levanto e caio,

Inutilmente alimentando
Esperanças de um além-tempo,
Além-ego, além-verso,
Além-mim-mesmo. Mas,

Esculpido em ônix permaneço
Impermanentemente o mesmo.
Ao sonho de voar substitui-se
A certeza de eternamente rastejar
No perecível vale dos homens.

Pois que tenho em mente
Senão desejos profanos?